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domingo, 26 de março de 2017

Doses dos outros

Tenho em mim todas as doses do mundo, não aquelas decoradas em livros que leio, mas doses de gente, de carne, osso e dente.

Tem gente que é dipirona, 6 em 6 horas se necessário, alguns até se propõem em ficar de horário.

Têm os fluconazóis, 1 x por semana, e se for recorrente pode ficar até 6 meses, depois a gente espera que nunca volte.

Alguns são aspirina, aparecem quando a saudade aperta no peito, e como num passe de mágica desaparecem.

Outros vem pra ajudar, porém os efeitos colaterais podem prejudicar, como se um santo não tivesse batido com o outro.

Mas tem outros que numa dose placebo de si ajudam a acalmar ainda que não tenham sido feitos pra isso.

Há aqueles que ficam pra sempre, contendo as mazelas crônicas, nunca nos abandonam, verdadeiras raridades diante das prateleiras dos medicamentos personificados.

E vc? Qual sua posologia?

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Prescrição à província.

Aqui na província temos regras
que reforçam nossos deveres.
Qual seu nome? Trabalha com o que?
Pouco se importam com nossos prazeres.

Viajei, experimentei e com isso aprendi,
infelizmente isso pouco importa aqui.
O que importa é o que come, o que veste, com quem sai,
não suas ideias e pensamentos, nada mais.

Aqui aguardam sua caminhada
na trilha deles da felicidade perfeita,
cresce, forma, casa, cria e parabéns,
mais um pronto pra divina colheita.

Mas se um dia sair da província
para expandir sua mente,
volte e nos ajude a mudar,
suplicamos por gente
que se preocupe mais com a humanidade
do que com uma superfície aparente.



segunda-feira, 15 de junho de 2015

História da Pessoa: Sexualidade


É menino ou menina?

No momento em que a mãe responde "vai ser menino", milhares de situações são projetadas pela mesma e pela sociedade para que aquele ser, cujo sexo biológico é masculino, possa seguir como verdade para si. E é exatamente aqui que começo a minha história.

Na minha busca incessante por autoconhecimento me encontrei fora da norma, filho de uma família tradicional, embanhado de padrões do menino que deve gostar de azul e se atrair por garotas eu via tudo isso escapar pelas minhas mãos desde os 8 anos. Na adolescência, uma era de transformações eu podia ser descrito como uma mente perdida, o que não era bem uma novidade com o resto das pessoas da minha idade, o problema era que de alguma forma eu estava sozinho e o único refúgio que conhecia me foi negado várias vezes. 

Uma jornada por diferentes igrejas e religiões, todas que passei cheias de suas interpretações literais e representantes fundamentalistas que falavam a mesma coisa, e assim eu aprendi que não queria ser IMPURO.

"Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é toevah (também no grego bdelygma, ambos significam "impureza" ou "ofensa ritual").- Lv 18:22

O filho pródigo...

Eu sabia que era diferente e precisava de alguma forma preencher o meu "erro", então escolhi ser o aluno perfeito para alegrar meus pais, talvez se um dia eles descobrissem iriam pesar as duas coisas e ver que eu ainda valia a pena, e foi assim desde pequeno. Começei a estudar para o vestibular, os estudos e o foco me fizeram suprimir "distrações", mas logo depois eu consegui entrar na faculdade. E agora? Todas as dúvidas de uma pessoa de 17 anos começam a ser resolvidas com novelas, artigos, sites, filmes. E os amigos? NÃO. E a família? NINGUÉM PODE SABER.

Bissexual Vs Gay...

Após alguns meses de verdadeiras lutas e negações mentais constantes eis que vem a constatação, porém falar pra mim mesmo era dolorido, uma palavra que pesava, era como se eu tivesse vivido uma mentira. a maior mentira da vida. Após a primeira vez que disse:- Eu Sou Bissexual, eu consegui tirar um peso enorme das costas. bissexual pois beijei três garotas, bissexual porque o fato de continuar fingindo pra mim que gostava de homens e mulheres me fazia mais próximo da norma, me fazia mais homem do que ser apenas GAY. Isso sim pesava. Obs: É importante reforçar que reconheço a existência de bissexuais e os apoio. 

A família...

A família foi a parte talvez que mais me surpreendeu, um amor materno que finalmente eu entendi, a mulher que me carregou na barriga e que eu via me apredrejando várias e várias vezes em simulações na minha cabeça foi a que mais me entendeu, ela já sabia. Os irmãos foram aos poucos, nada nunca mudou. Infelizmente essa não é a realidade de todos. 

O gay homofóbico...WTF?

Eu disse pra um amigo: - Eu sou gay. Após isso, todo o peso que me foi colocado começava a desmoronar, foi uma guerra de reconhecer e derrubar preconceitos um após o outro. machismo, misoginia, homotransfobia, gays que não curtem afeminados, gays que subjugam passivos por reproduzirem a heteronormatividade nas relações homoafetivas, o passivo como a mulher da relação, logo o ódio contra o que é feminino. Sim, o preconceito está também dentro das próprias minorias.

Eu me classifico...

Hoje eu vejo o quanto ser gay me tornou uma pessoa melhor, é muito fácil seguir uma fórmula pronta para a felicidade, mas poucos têm a coragem de seguir seus desejos, de transcender essas barreiras e assim quebrar preconceitos internos. Eu, idealizando minha trajetória nos padrões que me foram impostos desde que nasci talvez não tivesse o orgulho que tenho de mim hoje, talvez estaria reproduzindo uma gama de preconceitos que pessoas que cresceram nas mesmas condições que eu fazem hoje, não estou dizendo que é impossível se desprender de tudo isso quando se é heterossexual, tenho amigos que me enchem de esperança por existirem, apenas digo que quando você é diferente da norma é mais fácil enxergar o preconceito, porque diariamente ele é esfregado na sua cara. Acreditem, existem pessoas que acreditam que não existe racismo e  homofobia no Brasil O.O

Opressão Sexual...

Continuamos a viver numa era de opressão sexual em que no momento que dou liberdade para o outro seguir seus desejos, eu automaticamente quebro as correntes dos meus próprios desejos e eles também se tornam livres, talvez isso cause medo na maioria das pessoas. Os discursos de ódio e a negação de direitos, o uso de divindades para nos endemonizar, a negação de que somos seres humanos fazem parte do cotidiano de pessoas que assim como eu quebraram as correntes.

Como eu quero o mundo...

Eu acredito que o que nos faz seres humanos são nossas pluraridades, nossas diferentes indentidades de gênero, raças, orientações sexuais, culturas, religiões. É o entendimento disso e o respeito que devem ser ensinados, são as diferenças que nos fazem o que somos e negá-las é como negar a nós mesmos. As pessoas falam tanto em opção sexual, opção pra mim é quando você tem duas ou mais alternativas de igual valor e você escolhe a melhor pra você. A única opção que eu tive foi ser feliz ou não.



All we need is love...







segunda-feira, 27 de abril de 2015

HDA: Síndrome do Regresso



Voltei ao Brasil, e agora??? 



O espírito que está tudo acabando começa na verdade uns 3 meses antes de voltar, o sentimento de nostalgia tomou conta de todos nós, alguns corriam atrás de tentar aproveitar ao máximo cada momento, outros entraram em uma espécie de estado "zen" aproveitando para ter reflexões pessoais e planos para o retorno.

Depois veio o momento final, pegar o ônibus de Galway para Dublin sem saber quando compraria o retorno foi a pior parte, ver tudo ser deixado pra trás e o medo de se apagar de um modo que nada daquilo tivesse sido verdade era o que me consumia no momento...

Após isso a única vontade que eu tinha era de chegar logo, parecia uma viagem interminável para ver a família, os amigos, comer coxinha de padaria, e ainda assim se sentir um verdadeiro extraterrestre dentro de um espaço que você conhece, acho que isso definiria toda a síndrome do retorno, essa sensação de não se sentir parte do que um dia foi seu.

Com o tempo foi tudo se encaixando novamente, fui me atualizando de tudo o que aconteceu (acredite, meus amigos fizeram isso durante muitos encontros). Eu ficava perguntando sobre as coisas que aconteceram, quem era essa nova pessoa? que música era essa? parecia que a vida tinha seguido e eu tinha acabado de acordar de um coma.

Depois a rotina faz o resto do serviço, ela te encaixa em uma dimensão onde você precisa preencher a sua cabeça com algo, faculdade, cursos, currículo, e toda a loucura que você havia deixado retorna. Esses meses foram essenciais para colocar a cabeça no lugar, entender e enxergar os pontos positivos e negativos da volta, trazer histórias de culturas diferentes tentando empregá-las na minha vida e encontrar os motivos que me fazem ficar. 

Praia Grande


Retornar é uma nova imigração...









segunda-feira, 2 de março de 2015

Estágio Eletivo: Ciências sem Fronteiras - Parte II


Em terras irlandesas - Galway


Como em qualquer outro país que você estiver pensando em fazer seu intercâmbio, você encontrará uma realidade totalmente diferente da sua e passará por muitos choques culturais, linguísticos e etc. Na minha história com Galway não foi diferente, encontrei pessoas alegres e educadas, uma terra muito boêmia (eita gente pra gostar de cerveja), super segura, com o tamanho ideal pra mim, sem conturbações de uma cidade grande e ao mesmo tempo um lugar que consegue abraçar o mundo inteiro (Galway concentra por volta de 52 nacionalidades diferentes).


Salthill - Galway
Considerada a capital cultural da Irlanda, a cidade promove durante o ano todo diferentes festivais envolvendo várias temáticas como música, cinema, teatro, culinária, fazendo com que quase nada atrapalhe essa cidade. Bom, quase nada...se não fosse uma chuva constante, o que é assunto de qualquer pessoa que entra dentro de um táxi e a principal queixa dos irlandeses. Eu aprendi o quanto o sol me fazia falta e o quanto ele merecia ser motivo de alegria nas tardes onde sentávamos no spanish arch para nos reunirmos ou caminhar ao longo da praia em Salthill.


Além disso, a cidade fica próxima à lugares fantásticos que mostram que ainda que a Irlanda seja um país muito pequeno possui um beleza natural incomparável, com um verde predominante nas paisagens, o que originou seu apelido de "Ilha Esmeralda".




Até a próxima!!!


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Estágio Eletivo: Ciências sem Fronteiras


I'm back!!!

Você deve estar se perguntando, como assim? Voltando de onde? Enfim, já te explico.

Mas primeiro, você sabe o que é CsF? Ciências sem Fronteiras é um programa do governo federal que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia o qual tive o privilégio de participar. Bom, eu acabei de terminar meu prazo de intercâmbio e como algumas pessoas me procuraram com dúvidas sobre o assunto eu resolvi contar um pouco da minha experiência aqui no blog.

Tudo começou no segundo ano da faculdade quando ouvi falar pela primeira vez sobre o CsF, uma amiga estava cogitando a ideia de ir para a Espanha e me encaminhou o link do site (http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/) e eu decidi dar uma olhada. 

Resumindo...


  • Fiquei com muita vontade de participar;
  • Estava namorando e isso era algo que me fazia pensar sobre ir ou não;
  • Me escrevi no edital para Portugal pois não tinha noção básica de nenhum outro idioma (espero ter de português :p);
  • Namoro não deu certo;
  • Fiz a Miley Cyrus = larguei tudo e me joguei no mundo, queria algo novo, e no meu espírito de aventureiro que tenho desde pequeno confirmei as incrições;
  • Cancelaram as incrições para Portugal e mandaram uma lista com alguns países para que pudéssemos escolher um deles. Eu queria aprender inglês então me restava EUA, Canadá, Austrália, UK e Irlanda, sim aquele país pequeno do qual todos conhecem no máximo a capital Dublin.
  • Eu escolhi a IRLANDA, se era pra ser tudo novo deveria ser algo do qual eu nunca nem havia ouvido falar.
  • Depois passamos por uma seleção através da nota que obtivemos no TOELF IBT (basicamente um teste de diagnóstico de inglês) e como fui mal me selecionaram para fazer 1 ano de inglês + 1 semestre na Universidade Nacional da Irlanda em Galway: NUIG.
  • Eu passei 16 meses, dos quais fiz 9 meses de inglês, 2 meses de estágio em um centro de referência em cardiologia preventiva (Croí) e 1 semestre na NUIG.


Algumas perguntas que me fizeram.


A bolsa do governo foi suficiente?
Sim, foi mais do que suficiente, tanto é que consegui conhecer 15 países e me sustentar sem necessariamente pedir dinheiro dos meus pais (OBS: Primeira vez que estava vivendo sozinho sem meus pais, eu acabei gastando um pouco além da conta no começo, sou consumista, mas aprendi a controlar melhor o dinheiro)

Você acha que o programa realmente é válido?

Sem dúvida alguma, bem, eu pude acompanhar que muitas pessoas reclamam nas redes sociais que os estudantes que estão participando do CsF não foram bem selecionadas e que o programa deveria ser chamado de Turismo sem Fronteiras e blábláblá. Uma coisa que eu digo é, a europa faz isso há anos (ERASMUS) e eles sabem o quanto é importante, você aprende uma nova língua, conhece outras culturas e compreende melhor o mundo, na minha profissão saber respeitar tudo isso é inevitável. Hoje me sinto muito mais preparado, mais adulto e mais capacitado para atender meus pacientes. O mais esgraçado foi ver que a maioria dos que reclamavam vieram me perguntar antes sobre o programa com interesse de ir, whatever. E sobre o turismo, viajar para outro país na europa não é coisa de outro mundo, a Ryanair é uma empresa aérea especializada em voos baratos e de curta duração, sobretudo, devido aos países serem pequenos e próximos uns dos outros.

O que você precisa para ser selecionado?

No meu edital o aluno precisava ter concluído 20% do curso, ter tirado uma nota superior a 600 no ENEM, ter um bom desempenho (CR acima de 7 na minha universidade) e não ter mais de duas reprovações.

O que o programa mudou na sua vida?

Acho que independente das experiências que eu viverei nessa vida, a minha essência nunca irá mudar, mas o que realmente se modificou foi a maneira de perceber o mundo, as pessoas, os lugares, eu aprendi a criticar o meu país de uma forma mais realista, de entender que a maioria dos nossos problemas está dentro de nós, de valorizar as pessoas que estão ao nosso redor pois elas escolheram estar ali por algum motivo, de saber que em muitas coisas minha faculdade não é a pior do mundo, de reclamar menos de coisas pequenas e de saber que o mundo é muito mais que o meu pequeno eixo cidade natal - cidades ao redor. Eu aprendi a ser do MUNDO!!!



Irlanda - Distrito de Connemara - Agosto/2013


E pra não ficar muito longo eu vou parando por aqui, Depois tem mais ;)

Qualquer pergunta ou dúvida comenta ai ^^




sábado, 2 de fevereiro de 2013

PSIQUIATRIA: O Homem que não sabia amar


Cena do filme Apollonide - Memórias de Um Bordel (Bertrand Bonello) 



O Homem que não sabia amar





Personagens Principais:


  • Morgana, mulher de 48 anos, meretriz de longa data, cruel, apática, longos cabelos negros encaracolados, excesso de vermelho e preto nas vestimentas e maquiagem.
  • Augusto, 20 anos, bonito, pele clara, traços marcantes, solitário, não se prendia em relacionamentos, frequentava muitas festas.
  • Viviane, 19 anos, traços finos, beleza marcante e jovial, a mais nova no bordel, cabelos loiros e vestimenta não muito vulgar.

Narrador: - Essa história se passa em um local onde desejo e dinheiro são as principais formas de se conseguir o que pra alguns é a chamada felicidade. Numa Paris antiga marcada pelos bordéis, indústrias e proletariados...

A luz é focada em Augusto trabalhando na fábrica e sozinho.

Narrador: - Augusto, um rapaz sofrido que desde os 12 anos trabalha nessa fábrica, uma construção que se aproveita de cada gota de suor dele, o pior é que além de tudo ainda tem uma mãe, se é que ela pode ser chamada assim...

As luzes se apagam e o foco retorna pouco tempo depois em Morgana vestindo-se.

Narrador: - Morgana, mãe de Augusto, eu particularmente prefiro chamar de progenitora, tem um único filho, pois os outros não tiveram o azar de sobreviverem para conviverem com ela, morre dizendo pra Augusto que criou a placenta e jogou a criatura com cara de joelho fora: o bebê. Morgana vive com inveja da nova meretriz que acaba de chegar, Viviane...

As luzes se apagam e ao retornarem aparece Viviane chorando.

Narrador: - Essa acho que nem sabe direito porque está aqui, mas enfim, é a única que eu salvaria de um incêndio desse bordel maldito, estraga a vida de tantas mulheres e de homens que gastam muitas vezes todo o seu dinheiro aqui.

Apagam se as luzes novamente e a mesma retorna pausadamente com Morgana e Augusto conversando

Augusto: - Cada um deveria ter o direito de escolher o que fazer Madame, me enfiastes naquela fábrica, nunca nem aproveitei minha juventude e ainda tenho que entregar todo o dinheiro a você.

Morgana: - Claro, sou sua mãe imprestável, o que mais queria?

Augusto: - Não venhas me falar de mãe agora, nunca nem me deixou chamá-la de tal coisa, 

Morgana: - Poupe-me dessas palavras inúteis, eu fui criada por várias mulheres que me pegavam naquele orfanato e o mundo praticamente me jogou aqui nesse bordel, tem sorte que aqui não vendemos os homens também, poderia usar sua beleza a seu favor, bom, eu aprendi a fazer isso e até consigo gozar da felicidade dos tolos.

Viviane entra e pega um casaco no quarto, olha para Augusto, pausa e sai do quarto.

Morgana: - Já viu a nova garota? - Quer dar uma de santa para Madame Justine, finge não ter experiência, affz,  essas putas pobres.

Augusto: - Não será inveja isso? - A garota até que é bonita, deve dar uns bons bifes.

Morgana: - Nesse ponto você aprendeu comigo, a não se envolver com as pessoas, tolos os que acreditam no amor, e eu quando nova pensei em estar apaixonada pelo padeiro, o seu pai...

Augusto: - Meu pai não era açougueiro?

Morgana: - E faz diferença agora? Poupe-me.

Augusto: - Enfim, não é que eu não me envolva, mas você foi a primeira a me negar isso, pensa que não sei que fui alimentado por outra mulher?

Morgana: - Judith foi a única peste que arranjei, engravidou na mesma época que eu, te alimentou só por 8 meses, depois Madame Justine a expulsou porque a imprestável ainda ousou ter um filho feio, você teve sorte de não ser jogado, Judith disse que ia cuidar de você...

Augusto a interrompe e diz: - Cansei de me lembrar desse passado, só me lembro das pessoas que não queriam falar comigo.

Morgana: - Você é filho de uma puta, queria ser tratado como um burguês?

Augusto: - Queria ser tratado como gente.

Morgana: - Chega, também cansei das suas amarguras inúteis, vou trabalhar que eu ganho mais.

Morgana sai e Viviane entra para se arrumar

Viviane: - Pode se retirar?

Augusto: - Por qual motivo? - Conheço todas as mulheres daqui, você é apenas uma novata.

Viviane: - Ainda assim quero que saia.

Augusto se aproxima e pergunta: - Realmente quer que eu saia?

Toca em sua perna levantando o vestido negro que evidenciava a pele branca de Viviane

Viviane: - Sim, você seria só mais um na minha lista vasta de clientes. A mesma o afasta com um empurrão.

Augusto: - Poderia até começar como cliente, depois você possivelmente me pagaria para saciar seus caprichos, se apaixonaria num piscar de olhos como muitas outras pobres mulheres.

Viviane se afasta de Augusto e com uma expressão irônica diz: - Eu, me apaixonar por você? - Não tenha tanta certeza, agora SAIA. 

Augusto: - Vou sair, mas te esperarei no meu quarto, tá aqui o dinheiro como um adiantamento.

Um maço de dinheiro é jogado no chão todo amassado e com um movimento de menosprezo Augusto começa a caminhar até a porta.

Viviane: - Tem certeza? - Todos até hoje se apaixonaram por mim, ficam loucos, por isso Madame Justine me chama de pérola, sou a que dou mais lucro aqui.

Augusto a interrompe dizendo.

Augusto: - Não se preocupe, não acredito nisso, eu não sei amar.

Este texto foi desenvolvido 
durante um curso de 
dramaturgia organizado 
pelo Departamento de 


Cultura da UFRR e a Funarte.