A página de ouro
Conto vencedor do prêmio:Caminhos do Mercosul 2009, Ministério da Educação.
Era
uma manhã comum em Boa Vista, uma cidade calma com vários migrantes de outros
locais do Brasil assim como Joaquim, que chegou de Minas Gerais faz um ano, um
garoto alto, com catorze anos de idade, usava óculos devido à quantidade de
horas que ficava na frente do seu computador. Ele estava se dirigindo em
direção à sua escola e, como sempre, estava preocupado com suas notas e com
medo de não passar de ano, pois tinha a concepção de que sua mãe não iria
gostar nenhum pouco de ter um filho repetente.
Ele chegou à sala de aula e viu todos
frustrados com o trabalho que a professora acabara de passar sobre a
Inconfidência Mineira. O mesmo se dirigiu até a mesa da professora e pediu
maiores explicações sobre o trabalho a ser feito, e a mesma respondeu:
- Você
terá que fazer uma redação sobre o que você faria para tentar ajudar Tiradentes
na Inconfidência Mineira.
E quando Joaquim caminhava em direção a sua
cadeira no final da sala, ela continuou a sua fala dizendo:
- Capriche
Joaquim, você está precisando de uma boa nota para passar de ano.
Ao
chegar a casa, Joaquim foi direto para o seu quarto tentar estudar, pois sabia
que teria de fazer um ótimo trabalho, de repente Lucas, um grande amigo seu, ligou
para o seu celular perguntando se poderiam jogar vídeo game na casa de sua avó.
Extrovertido
e brincalhão, Lucas era um garoto de quinze anos, mais curioso que Joaquim o
que o fazia se sentir superior ao amigo. Os dois foram criados juntos e são
quase irmãos, suas famílias vieram para Boa Vista devido à empresa de seus pais.
Ele adora a disciplina de história e sempre fora ridicularizado pelos amigos
devido ao seu medo de tempestades. Os seus pais trabalham em uma empresa de
carros e devido a uma viagem de negócios Lucas teve que ficar na casa de sua
avó.
A avó de Lucas, Dona Morgana, era uma pessoa
excluída da sua comunidade, solitária, ela nunca conversava com ninguém,
fazendo todos da vizinhança suporem que sua casa fosse mal assombrada, até
Lucas que era seu neto, temia aquela casa e só estava lá pela força da
circunstância.
Joaquim que não sabia onde ficava a casa da
avó do seu amigo, pergunta onde é o local e Lucas responde que o amigo terá que
ir até o bairro Esmeralda, um bairro afastado da cidade, que ele irá esperá-lo
no mercado "Dois Sabores". Joaquim está saindo de casa quando sua mãe,
Dona Ana, perguntou aonde ele iria, e ele respondeu:
- Vou
para a casa da avó do Lucas, mãe, tenho que terminar o trabalho sobre uma tal
de “inconfidência” num sei das quantas.
E a
mãe com uma feição de desconfiança pergunta:
- Tem
certeza que vai estudar Joaquim?
E
então ela disse para ele como forma de incentivo:
- Se você conseguir uma boa nota nesse
trabalho lhe darei uma viagem para qualquer lugar nas férias.
E
então o garoto respondeu com grande pressa:
- Vou
estudar sim mãe, não se preocupe, voltarei logo.
Depois de quase duas horas, ele finalmente
chega à casa da avó de Lucas e percebe que o ambiente era muito fúnebre, a casa
estava em um silêncio quase total se não fosse o ranger
das portas e uma senhora se balançando em uma cadeira com algum livro na mão, era
Dona Morgana. Neste momento ela olha para o rapaz e pergunta:
-
Que foi garoto?
E
ele responde como se tivesse visto um fantasma:
- Estou
procurando o Lucas, ele tá?
- Espere,
respondeu à senhora.
De
repente ouviu-se um grito que vinha do corredor:
- L-U-C-A-S!
E Lucas
responde com uma voz que vinha de longe:
- Senhora
vó, já tô descendo!
Ao
descer sua avó o espera na escada e diz:
- Tem
um moleque na porta, vá ver quem é.
Ao
chegar à porta Lucas percebe que é o amigo e o recebe dizendo:
- Vamos
subir para o meu quarto, em silêncio, minha vó não gosta de receber ninguém.
Quando
eles estão subindo a escada para jogar vídeo game, Joaquim observa na parede,
várias imagens de um homem com barba e prestes a ser enforcado, depois que
observa atentamente a imagem, percebe no canto direito do quadro um nome que o
deixou pensativo “Inconfidência”. Ele fica receoso e devido ao medo da casa que
se misturou com o medo que estava de sua mãe descobrir a verdade, ele fala para
o seu amigo que tem que ir para casa terminar o seu trabalho, pois sua mãe ficaria
com muita raiva se descobrisse tudo. Então Lucas diz que irá tentar ajudar o
amigo com esse trabalho e pergunta:
- Joaquim,
que trabalho é esse?
E
Joaquim responde:
E
Lucas responde entusiasmado:
- Por
que você não falou antes, eu posso te ajudar, é que no sótão da minha avó, ela
guarda alguns livros antigos e acho que eles podem nos auxiliar em alguma
coisa.
Ao
chegarem ao local, Lucas retira um baú velho de um monte de trecos antigos, ele
pega um pano e o limpa, ao abrir percebe que há um novo livro que outrora não
estava lá.
Lucas,
então, pega o livro e quando o limpa, é revelado o seu título “InConfidencial”.
Ao folhear as páginas, percebem que o livro foi escrito à mão por alguém há
muito tempo e analisam que existe uma página dourada entre as outras, quando
eles abrem totalmente esta página, uma luz suga-os para dentro do livro. Naquele
momento começariam uma viagem que os dois nunca mais iriam esquecer.
Quando
se dão conta, eles dois acordam em um beco escuro e ao olharem para uma luz que
vinha na direção deles percebem que algo está errado, então Lucas pergunta a
Joaquim:
- Caracas,
véio, como a gente chegou aqui.
E Joaquim responde confuso:
- Vai
ver a gente desmaiou e alguém nos trouxe até aqui.
Ao
saírem do escuro, descobrem um lugar totalmente diferente, as ruas eram feitas
de longos trechos de paralelepípedos, as pessoas estavam vestidas com longas
roupas de seda e algodão, havia alguns negros apanhando na rua como se fossem
animais, a maioria das pessoas andava a pé e outros de charrete.
Eles
dois sentem que estão em outro mundo e perguntam a um senhor que estava
passando:
- Senhor,
onde estamos?
E o
senhor responde como se achasse que os dois fossem loucos:
- Em
Vila Rica, no território de Minas Gerais.
Enquanto
várias pessoas estão se aproximando, Lucas tenta achar uma explicação, pois
achava que eles estavam em um estúdio de televisão, e pergunta para outro homem
com roupas sujas e com um chapéu que lhe dava sombra:
-
Senhor, nós estamos atrapalhando esta filmagem?
E
ele responde:
- O
que é isso?
Lucas
pergunta, com uma cara de que não está entendendo nada.
- O
que é isso o quê?
E o
senhor indaga, com cara de tapado.
- Filmagem?
E o
garoto retruca:
- Você
não sabe o que é filmagem? Nós estamos em pleno século XXI.
E o homem com uma cara de desconfiado
responde:
- Tu
estás louco? Nós estamos em pleno século XVIII, somos colônia de Portugal.
Os
dois saem correndo rumo ao beco de onde saíram e então Joaquim fala que algo
aconteceu quando eles abriram aquela página, e pergunta a Lucas onde está o
livro, eles percebem que ele está jogado no chão, Lucas pega o livro e numa
tentativa desesperada tenta encontrar a página de ouro que os levou para aquele
lugar. O que eles não entenderam é que de alguma forma a folha de ouro não
estava mais lá. Lucas indaga que os dois terão de trocar de roupas para não
chamar a atenção das pessoas e supõe que o único jeito de voltar para casa é
encontrando a página perdida.
Lucas
observa um varal com algumas roupas da época e os dois entram no terreno, na
hora em que estão se vestindo a dona da casa os vê e começa a gritar, os dois
correm desesperados e se misturam junto a uma multidão que atentamente ouve um
discurso de um homem com ideais de liberdade. De repente o marido da dona das
roupas encontra os dois rapazes e diz:
-Por
que você entrou em minha casa, agora vocês iram pagar pelo que fizeram.
E do meio da multidão o palestrante se
aproxima do homem e diz:
- Tu
não precisas disso meu amigo Joaquim Silvério, isso é apenas uma conseqüência
de uma era colonial. Por isso, meu povo, disse com um tom mais forte:
- Preciso
da ajuda de vocês para tornar Minas Gerais uma nação independente, chega de
impostos altos e de tomarem nossas coisas que sofremos tanto para conseguir,
devido às dívidas de um imposto que é impossível de ser pago, a coroa
portuguesa não leva em consideração que as nossas minas estão em um processo de
escassez. Vamos estabelecer uma república, e nos tornar independentes deste
regime absolutista, pois assim fizeram as 13 colônias da América e meus ideais
são inspirados nos ideais dos grandes iluministas da França.
Quando
todos estavam saindo, o homem do discurso aproximou-se e perguntou:
- De
onde são, forasteiros? Terão que ter mais cuidado com suas ações, pois com
certeza meu amigo ficará chateado devido á defesa que fiz a vocês, e não fiquei
do lado dele.
E
Joaquim responde:
- Bom,
meu nome é Joaquim e este é Lucas, nós somos de muito longe e para podermos
voltar para casa precisamos de uma página de ouro que nos foi roubada.
E
então o homem misterioso responde:
- Podem
andar comigo, meu nome também é Joaquim, mas meu pseudônimo é Tiradentes,
devido á minha profissão. Eu vos ajudarei.
Lucas
chama Joaquim que estava espantado, pois estava diante do símbolo da
Inconfidência Mineira e do personagem do seu trabalho, eles começam, então, um
pequeno diálogo:
-
Lucas o que você acha de nos envolvermos nessa história?
E
Lucas responde:
- Será
o jeito, temos que ajudá-lo, você lembra o que vai acontecer com ele?
E
Joaquim responde que se lembra que ele iria morrer de uma forma muito desumana.
E, então, Tiradentes
os chama e diz que como está escurecendo, eles irão para a casa de um homem,
muito amigo seu chamado Cláudio
Manuel da Costa, casa esta, onde sempre aconteciam algumas reuniões, e onde se
discutiam os planos e as leis para a nova ordem.
Ao chegarem ao local, Cláudio os
recebe e pergunta:
- Tiradentes, onde você encontrou
esses rapazes? Eles não são espiões da monarquia?
E Tiradentes responde:
- O que tu estás a falar,
Cláudio, eles são pessoas de bem e irão nos ajudar.
Lucas pergunta todo empolgado:
- Que dia começaremos a revolução?
E Cláudio comenta:
Não fique tão entusiasmado Lucas,
pois para qualquer coisa ser realizada é necessário pagarmos um preço, nem que
seja com a nossa própria vida. Em todas as revoluções que estão acontecendo ao
redor do mundo, várias pessoas estão morrendo, por isso devemos ter muito
cuidado.
Tiradentes fala para responder a pergunta de
Lucas:
- Nós iremos começar o movimento
assim que eles declararem a derrama.
E Joaquim pergunta:
- Tiradentes, o que é derrama?
E o mesmo explica:
- Derrama é um dispositivo contra os
"homens-bons" (brancos e ricos), para que estes zelem pela
arrecadação dos quintos reais. E antes que tu perguntes, quinto é um imposto no
qual 20% do ouro que vai para as casas de fundição são mandados para a Metrópole.
Lucas levanta da cadeira e diz:
- Pessoal precisamos de um
símbolo para caracterizar essa revolução, acho que pode ser uma bandeira.
Depois de várias conversas, outra pessoa entra na sala, era o marido da dona
das roupas e quando ele vê os dois rapazes pergunta a Tiradentes:
- O que esses seres desprezíveis
estão fazendo aqui?
E Tiradentes responde:
- Estou ajudando eles Silvério,
não fique chateado.
E Silvério responde:
- Você escolheu o seu lado
Tiradentes, agora agüente as conseqüências.
Faltando pouco tempo para a data
prevista da declaração da derrama e ser
dado, assim, início a revolução eles esperavam que nesse momento, com o apoio
do povo descontente e da tropa sublevada, o movimento fosse vitorioso. Joaquim
lembra-se de como era a bandeira de Minas Gerais e para criar uma para a
revolução, pinta o triângulo da bandeira de verde sendo aprovada por todos da
reunião. Os líderes da "inconfidência" sairiam às ruas de Vila Rica dando vivas à República, ganhando assim, o apoio da população.
Pela manhã quando todos se
preparavam para a revolução, Lucas e Joaquim resolveram ir procurar pela página
nas ruas de Vila Rica, eles descobrem que um homem denominado de “Manuel” havia
encontrado a página em um beco escuro e teria vendido a mesma ao Visconde de
Barbacena, um homem com grandes influências políticas. Os dois resolvem ir até
a casa do Visconde para negociarem. Ao chegarem ao local acabam ouvindo uma
conversa entre Barbacena e Silvério dos Reis sobre o local onde Tiradentes e os
outros revolucionários estavam, ao ouvirem isso percebem que Tiradentes está
correndo perigo, os dois resolvem entrar às escondidas na casa, e encontram a
página de ouro em cima de uma mesa coberta por um tecido que parecia de
presente. Eles pegam a página e vão rumo a casa para pegar o livro e ajudar
Tiradentes.
Ao chegarem a casa
descobrem que Tiradentes teve que viajar para o Rio de Janeiro, o Visconde de
Barbacena já havia suspendido a derrama o que iria deixar a população mais
controlada e iria impedir que muitos se revoltassem. Ao receber a informação
sobre a revolução, Barbacena enviou Silvério dos Reis ao Rio para apresentar-se
ao Vice-rei, que imediatamente abriu uma investigação. Avisado, Tiradentes, que
estava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro escondeu-se na casa de um amigo, Lucas
e Joaquim estavam há dias sem nenhuma notícia de Tiradentes e resolveram ir
atrás dele no Rio de Janeiro, pois desconfiavam que ele poderia estar com o
livro.
Após a descoberta do
local onde Tiradentes estava, eles vão ao seu encontro, ao chegarem a casa,
Lucas e Joaquim são surpreendidos por Tiradentes que os amarra na cozinha da
casa em algumas cadeiras de madeira e pergunta:
- Por que vocês nos entregaram
rapazes? Eu confiei em vocês e agora vocês me traem pelas costas.
E Lucas responde:
- Não fomos nós. No
dia em que você viajou, nós fomos procurar a página perdida e através de uma
informação descobrimos que um homem teria vendido a página que achou para o
Visconde de Barbacena, ao chegarmos à casa dele para pegar a página de ouro,
ouvimos Silvério conversando com Barbacena sobre a revolução, e contou sobre
todo o plano.
E Joaquim continua:
- Foi isso que
aconteceu, eu lhe dou minha palavra, pois estava na hora em que tudo ocorreu.
E Tiradentes,
irritado devido às acusações ao seu colega, responde:
- Não fale mais nada
Joaquim, pois tu não és digno do nome que tu levas, não fales mais assim de
Silvério, ele sim é meu amigo e mandarei agora mesmo alguém avisá-lo sobre a
traição.
Depois de algum tempo
o dono da casa onde Tiradentes estava escondido chega desesperado dizendo:
- Agora sou eu que te
digo, amigo, os rapazes diziam a verdade, Silvério traiu-te.
Sem saber o que fazer, Tiradentes solta os
dois e lhes entrega uma sacola e diz:
- Amigos me perdoem
pelo que fiz, mas agora não tenho mais tempo, Silvério conhecia a todos os
revolucionários e sei que todos, assim como eu, correm perigo. Dentro deste
saco tem dinheiro suficiente para pegarem um navio e conversarem com a rainha
de Portugal, contem a ela sobre mim de forma que ela acredite que apenas eu sou
o culpado, dentro da sacola também está seu livro, que trouxe junto comigo para
ser entregue a vocês. Espero que entendam, agora vão, eles já devem estar...
De repente vários
soldados entram na casa e os dois fogem pela parte de trás. Eles pegam uma
charrete que está indo em direção ao porto. No caminho eles conversam:
- Joaquim, agora nós
podemos ir para casa, já temos o livro e a página de ouro, disse Lucas.
E
Joaquim responde:
- Não podemos fazer
isso, Lucas, eu quero mostrar para mim mesmo que sou capaz de fazer uma coisa
útil, até hoje minha vida só foi viver às custas dos outros e dos pensamentos
dos outros, quero ser uma pessoa crítica, Lucas. Sinto que temos que fazer
isso, se não, a rainha pode mandar matar a todos e de alguma forma mudaremos o
futuro também.
Chegando ao porto, entram em uma embarcação e
seguem viagem naquele navio cheio de mercadorias que iam para Metrópole, de lá
o navio deveria trazer alguns objetos para a Colônia. O barco não tinha uma
ótima infra-estrutura e parecia ser muito velho. E o comandante logo comenta:
- Passageiros, a
viagem não será fácil, por isso, espero que todos possam me ajudar se passarmos
por alguma tempestade.
Lucas ao ouvir a
palavra “tempestade”,começa a ficar nervoso e, com sua voz trêmula, fala com
Joaquim:
- Ele falou
tem...tempestade.
E Joaquim retruca,
com uma cara de que iria tirar sarro de Lucas:
- Não acredito que
aquela sua fobia por tempestades ainda não passou, você tem isso desde os cinco
anos de idade.
E Lucas responde com
uma cara de envergonhado:
- Eu não tenho culpa,
minha mãe não me levou a nenhum psicólogo.
E Joaquim responde
novamente:
- Você tem que
superar isso, mas vamos logo, temos que falar com a rainha e ajudar Tiradentes.
Os dias passam
lentamente e os dois já estão entediados com a viagem, quando finalmente o
comandante grita:
- Preparem-se,
tripulantes, estamos chegando ao porto de Lisboa, peguem suas coisas e saiam
rápido, tenho que levar alguns mantimentos para aqueles colonos.
Ao chegarem a
Portugal, se deparam com uma cidade mais urbanizada, as mulheres caminham com
uma elegância incomparável, os homens da metrópole viviam para a corte real.
Eles se aproximam do
grupo e perguntam se os mesmos tinham alguma informação sobre Tiradentes, lá
eles descobrem que Tiradentes está preso e está tentando enrolar os soldados
para que eles possam chegar a tempo. Eles perguntam onde a família real se
encontrava e depois que conseguem essa informação seguem para ao encontro da Rainha.
Quando estão
caminhando, uma cadela com uma coleira brilhante começa a morder Lucas, que
estava com um pedaço de carne no bolso, pois não tinham mais dinheiro e os dois
pegaram um pouco de comida do navio. Eles pegam a cadela e colocam dentro de um
cesto em um beco escuro e seguem rumo ao castelo.
Ao chegarem, observam
que vários soldados estão guardando o local, pessoas da mais alta sociedade e
com roupas elegantes e cheias de bordados passeavam pelo castelo, eles ficam
nas proximidades para arranjarem um jeito de entrar. De repente, como um
presente que caiu do céu, os soldados gritam:
- Cidadãos da corte,
a rainha dará uma recompensa para aqueles que acharem a sua cadela perdida.
Os dois não pensam
duas vezes e vão à procura do beco onde estava a cadela, ao chegarem ao local
descobrem que a mesma conseguiu sair do cesto, quando eles olham para a rua,
conseguem ver de longe um senhor com a cadela da corte real. Lucas em um ato
heróico corre desesperadamente e em um só movimento captura a cadela e foge
rumo ao castelo.
Os dois, então,
chegam ao castelo e informam aos soldados da portaria que estão com a cadela e
o soldado rapidamente os coloca para dentro. Ao entrarem, perceberam que
estavam no local mais bonito que eles já viram, as escadas e os móveis eram
feitas de ouro maciço e sentem que todas as pessoas os observam e, então, no
meio da multidão abre-se uma fenda e todos se curvam para reverenciar a rainha.
Ela pergunta como poderia agradecer, e indaga:
-
Como posso gratificá-los por este feito heróico?
E Joaquim responde trêmulo:
-
Voooossa Majestade, precisamos conversar sobre um assunto muito sério, não
queremos nenhuma riqueza apenas um favor.
Depois de uma longa
conversa a rainha responde:
- Far-lhes-ei o que
foi me pedido, mas não poderei poupar a vida de Tiradentes, e terei que
decretar a pena de degredo para os outros revolucionários.
Lucas, então, se
impõe e pergunta por que não deixar Tiradentes vivo, e a rainha responde com
uma elegância incomparável:
-
Desculpe-me rapazes, mas terei de fazer algo, pois se não o fizer a Corte
ficará irritada e outras revoluções poderão acontecer.
Ao fim da conversa, a
rainha diz para um de seus soldados, que prepare uma embarcação para levá-los
de volta, e assim os dois retornam para a Colônia.
No navio, os dois
discutem sobre o assunto de Tiradentes e Lucas pergunta:
-
Joaquim, por que não fizemos nada para ajudá-lo?
E Joaquim responde
tristonho:
-
Meu amigo, você lembra do que eu lhe falei? Não podemos modificar o passado,
pois assim iremos mudar o futuro também, o que podemos fazer é de alguma forma
honrar a sua morte, pois ele quis sacrificar-se por seus amigos.
Quando chegam ao Brasil, a mensagem
da morte de Tiradentes chega junto com eles, eles saem do porto do Rio de
Janeiro e com autorização da rainha, pedem do responsável da prisão para falar
com Tiradentes. Quando os dois entram Tiradentes está apenas cabisbaixo, um
homem branco e com apenas um simples bigode, pois na prisão todos cortavam os
cabelos para evitar a proliferação de piolhos, eles entram na cela e começam a
conversar:
-
Obrigado amigos, soube que vocês conseguiram realizar essa missão, espero que
vocês sejam gratificados em suas vidas, disse Tiradentes.
E Joaquim responde:
-
Você me mostrou que existem amizades verdadeiras. Não se preocupe, pois de
alguma forma sei que sua morte e seus ideais serão lembrados por várias
gerações.
De repente, o soldado
se aproxima da cela e diz que o tempo acabou. Eles vão para uma pensão paga
pela Corte Real. No dia da morte de Tiradentes os dois decidem voltar para o
mundo real durante a noite, pois não querem ter nenhuma notícia da morte de
Tiradentes. Durante a noite os dois saem de casa para comprar comida e
encontram a cabeça de Tiradentes colocada em cima de um poste como forma de
repreensão a qualquer outro ato revolucionário. Lucas e Joaquim ficam em estado
de choque e resolvem terminar com tudo isso.
Ao retornarem para
casa, os dois recolocam a página de ouro no livro e novamente uma luz suga-os.
Eles acordam dentro do sótão e descobrem que o tempo não passou no mundo real e
ele ainda tem tempo de fazer seu trabalho.
No final das
apresentações a professora diz:
- Joaquim, muito bem,
vejo que você se empenhou bastante para que esse trabalho ficasse o melhor
possível - mas explica: dei nota 9,5 devido a uma parte que não bate com a
história real.
A caminho de casa,
Joaquim está pensativo e fala para si mesmo:
-
Tinha que fazer isso, não poderia deixar que a imagem de meu amigo fosse
deixada como meio de repressão, portanto roubei a sua cabeça que estava exposta
num poste, e fiz um pequeno funeral em memória àquele que me ajudou a perceber
que também posso ser útil.
Agora, olhando para o
céu e emocionado por tudo que passou diz:
-
Não se preocupe amigo, pois a viagem que ganhei de minha mãe devido à minha nota
no trabalho será para Ouro Preto e não me esquecerei de deixar flores no seu
túmulo o qual só eu e Lucas sabemos que existe.
FIM
Muito lindo, Nando!
ResponderExcluirParabéns!
Muito Obrigado por ter lido Antonio ;)
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